SUSUMU HIRASAWA – “ARIA” Entrevista!

Em entrevista, Susumu Hirasawa discute o processo de criação da canção “Aria“, a canção-tema da trilogia que adapta a “Golden Age“!

“O processo de criação da trilha sonora em “Berserk” é algo semelhante a sensação de “desobstruir” uma das restrições que, indiretamente construí até dentro de mim mesmo”.

Tanto para Kentaro Miura quanto para os fãs da série, Susumu Hirasawa desempenha um papel fundamental como o músico/compositor responsável pela façanha de “extrair” os elementos do universo de “Berserk” e converte-lôs em composições musicais sublimes que proporcionam estados de excitação, drama, terror, mas acima de tudo, “imersão“. Neste singular e complexo universo. E é ele quem escreveu “Aria“, a música-tema para os filmes da “Era de Ouro“, um solo de melodia rica, digna de coroar o início do “Saga Project” que encarna um espetáculo entrelaçado pelos impulsos iniciais de juventude e destino.

“Os temas fundamentais não mudaram em nada.”

Conte-nos um pouco sobre quando recebeu a proposta para o trabalho.

Para ser honesto, eu ouvi rumores antes de receber a oferta,  ouvi que “Berserk” iria ser animado novamente, e que aparentemente tratava-sse de um projeto de grande escala. No entanto, uma vez que o fluxo foi supostamente diferir da série de televisão e das versões para vídeo-game que eu havia participado, então, eu me perguntava se realmente eu poderia receber uma oferta e se haveria espaço para meu trabalho novamente.

Em seguida, o próprio Miura, o diretor Toshiyuki Kubooka, e outros membros da equipe vieram à minha performance ao vivo… Bem, não foi um convite especialmente formal: ” – Miura-sensei disse: “Nós finalmente decidimos fazê-lo, então …“, e eu respondi: “Ah, isso é certo“. Dessa forma, através de um curso muito natural de acontecimentos, eu aceitei a oferta.

Que tipo de composição músical eles pretendiam abordar?

Felizmente, Miura-sensei é um das minhas composições e ouve-as enquanto trabalha. Parece lógico que eu iria receber uma oferta à luz desta nova realidade, e eu realmente não tive um pedido específico por conta disso. Entretanto, tanto Miura quanto o diretor disseram-me: “Seria melhor se você fizesse, como faria normalmente“. Não era bem uma exigência, no entanto, uma vez que o arco “Idade de Ouro” retrata as personagens na juventude, me foi pedido para criar algo com uma “imagem jovial” e por isso eu incorporei a nuance ao meu próprio estilo.

O que serviu como fonte de inspiração para a música?

Pedi ao diretor que me fornecesse um únicofragmento” do material para servir como referência visual, sendo assim, ele me enviou uma “arte conceitual” da cena em que Griffith recebe o Behelit da cartomante. A partir desta cena, eu fui capaz de expandir a atmosfera do mundo retratado.

Na minha experiência como compositor, quanto maior a variedade e a quantidade de material que eu receber, como continuidades, cenários e coisas do gênero, melhor, a menos que eu venha a compreendê-lo e, conseqüentemente, eu decidi pedir apenas uma única coisa. Por exemplo: mesmo se o que eu imaginava a partir desta ainda seguiu um caminho diferente do que o realizador pretendia, nesse caso, acho muito provável que ele teria uma influência favorável sobre o escopo do trabalho.

Há algo que você tornou incisivo com o filme?

Os temas fundamentais, desde o momento em que eu tive a oportunidade de me envolver no mundo de “Berserk” pela primeira vez, trabalhando na série de TV, não mudaram em nada. Claro que isto é um filme, e como tal, montei a produção acústica com um senso de escala que serviria neste ambiente, mas desde que os elementos essenciais na prossecução deste senso de escala têm-se mantido próximos à direção do meu próprio trabalho , eu fui capaz de chegar a este resultado final, sem alterar o meu próprio estilo.

“Conceitos relativos existem indiferenciadamente.”

Como você procedeu na hora de compor a música?

Eu completei a composição ao longo de duas semanas de trabalhos intensivos. Então era chegada a hora de começar a gravá-la. Em agosto de 2011, a fim de comemorar os meus mais de 50.000 seguidores no Twitter, eu planejei transmitir algumas cenas do trabalho via Ustream, incluídos entre elas estavam as cenas da composição desta canção. Embora eu tenha transmitido a gravação dos vocais reais como algo separado, um dos fãscapturou” o vídeo Ustream e uniu ao trailer do filme, tornando-os uma única coisa. Foi incrível!.

Como você fez para que a letra (lyrics) da canção, alcança-sse um tom tão dramático?

Ela (a letra) representa “Hirasawa-ese” (Hirasawa-GO), por assim dizer. Embora eu tenha me inspirado na linguagem utilizada no mundo de “Berserk“, eu a escrevi para que funcionasse como “magia“, eu a construí, de modo que o eco das palavras trouxesse uma visão única do mundo retratado. Se eu fosse escrever as letras em uma linguagem específica, isso instantâneamente iria limitar a maneira como você entende o mundo, e esse não era meu objetivo. Nesse caso, há uma chance  que eu possa perturbar as imagens idealizadas pelos telespectadores individuais. Claro que existem formas de forçar uma imagem específica sobre eles, mas eu sinto que a diversão está justamente no que é nascido da falta de restrições.

O que torna “Berserk” tão atrativo para as pessoas? Como você se sente a respeito disso?

Acho que o apelo de “Berserk” se resume ao fato de que os conceitos relativos como a luz e a escuridão, beleza e feiúra, bem e mal e assim por diante, existem indiferenciadamente. Eu fico profundamente simpatizado com esse estado das coisas. Não é incomum para os criadores, fazer algo censurando-se ao longo do processo criativo, durante o processo de escrita, de acordo com o contexto da história e assim por diante, mas eu não sinto que “Berserk” possui essas limitações. Pelo contrário, sinto-me em liberdade. Consequentemente, para mim, criar a música para “Berserk” é algo semelhante à sensação de desbloquear uma das restrições que eu construí até dentro de mim. Uma vez desbloqueado e a “atuo-censura” removida, a música torna-se “Berserk”.

A arte conceitual recebida por Susumu como referência visual e artística para a composição da trilha “Aria”, faz parte do encarte anexado a OST, contendo a trilha.
A arte conceitual recebida por Susumu como referência visual e artística para a composição da trilha “Aria”, faz parte do encarte anexado a OST, contendo a trilha.

4 Comments

  • Adorei o conceito que ele interpretou sobre Berserk, eu penso na obra muitas vezes, e em quase todas eu tiro interpretações magníficas que a mesma pode me proporcionar. Ao todo são muitas! e mesmo assim, outra pessoa pode me dar uma visão totalmente nova que eu não havia pensado sobre essa magnífica obra de arte….

    • É realmente magnífico, o mesmo pode ser ressaltado durante a leitura do mangá. Quanto maior a quantidade de vezes que a obra for lida, maiores são as chances de novas interpretações ou até mesmo, notar ou reparar aspectos que passaram “despercebidos” em uma leitura anterior!

      Susumu é um grande compositor e seu trabalho “peculiar” combina perfeitamente com a atmosfera de Berserk, realmente é muito bom ter a chance de ler entrevistas como estas e saber um pouco sobre como pensam os artistas envolvidos no projeto.

      • Com certeza, o interessante é que poucas obras te dão vontade de serem relidas. Berserk eu estou lendo pela segunda vez e continua magnifico. Berserk é perfeito….

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